Computação: nanofitas de grafeno podem gerar os transistores do futuro

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Um exemplo de transistor atual. (Fonte da imagem: Reprodução/InfoEscola)

Você conhece a Lei de Moore? Na década de 1960, o mercado de aparelhos eletrônicos e de computação ainda dava os seus primeiros passos, de modo que não havia muitas previsões sobre o futuro da tecnologia de hardware. No entanto, Gordon Moore (antigo presidente da Intel) elaborou uma teoria interessante sobre o assunto.

De acordo com o executivo, o número de transistores em chips aumentaria 100% a cada período de 18 meses e com o mesmo preço de custo, o que também geraria benefícios no processamento de dados de computadores e máquinas cada vez mais avançadas. Acontece que, hoje em dia, a quantidade (ou densidade) desses componentes está chegando a um limite.

Isso acontece pelo simples fato de que a tecnologia atual não consegue dobrar a quantidade de transistores em tão pouco tempo, já que é realmente difícil criar estruturas cada vez menores e a um preço acessível. Contudo, cientistas da Universidade da Califórnia descobriram algo que pode colocar a Lei de Moore novamente “nos eixos”.

Melhorias difíceis de obter

Ilustração de uma nanofita de grafeno (Fonte da imagem: Reprodução/Extremetech)

Para que isso seja possível, os pesquisadores estão estudando uma forma de trabalhar com o grafeno — esse material é uma das formas cristalizadas do carbono, feita com apenas uma camada de átomos. Por conta dessa estrutura bidimensional, ele é uma espécie de supercondutor elétrico em temperatura ambiente.

Apesar dessa descoberta, atualmente os cientistas conseguem trabalhar apenas com “folhas” de grafeno, sendo que é necessário usar “fitas” em tamanho microscópico (ou nanofitas) para criar transistores menores e que trabalhem de maneira supereficiente. Caso isso realmente aconteça, é possível aumentar em 10 mil vezes a densidade desses componentes em chips.

Essa mudança poderia servir como uma das bases para a computação do futuro, gerando computadores mais “potentes” e também mais capazes. No entanto, há um problema: as nanofitas não são algo fácil de ser conseguido. O processo de “produção” mais comum consiste em recortar as folhas de grafeno com um laser extremamente preciso, mas nem sempre esse trabalho dá certo e o material acaba perdendo suas propriedades condutoras.

Mudando de “ponto de vista”

O químico da Universidade da Califórnia, Felix Fischer. (Fonte da imagem: Reprodução/Universidade da Califórnia)

Com o objetivo de facilitar o arranjo de nanofitas de grafeno, o químico Felix Fischer decidiu proceder de maneira diferente. No lugar de recortar o material, ele começou a sintetizá-lo quimicamente, de forma que as “fitinhas” já sejam criadas sem a necessidade da interferência de um laser — ou seja: um processo de trabalho mais eficaz e com menores riscos.

Em uma explicação resumida, isso é feito com o aquecimento em etapas de anéis de carbono para que eles acabem formando uma cadeia de moléculas parecida com um favo de mel. A partir disso, é possível “organizar” o grafeno da maneira desejada e formar as nanofitas. E é claro que tudo isso é mais complicado do que parece.

Melhor do que a encomenda...

Contudo, Fischer e seus amigos não apenas facilitaram a obtenção das nanofitas de grafeno. Por conseguirem trabalhar diretamente com as moléculas de carbono, a equipe da Califórnia também é capaz de fazer com que esse material transporte elétrons milhares de vezes mais rápido do que qualquer condutor metálico utilizado.

Somando esta última qualidade citada com o fato de a densidade dos transistores aumentar em 10 mil vezes dentro de chips processadores, é possível concluir que praticamente todos os dispositivos eletrônicos atuais podem ser melhorados consideravelmente por conta dessa novidade e em um futuro próximo.

Ainda está muito cedo para tentarmos adivinhar exatamente quais melhorias vão acontecer além de um processamento de dados muito mais rápido, mas esse cenário é bastante promissor, não é?

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