Saiba o que muda com os bancos não aceitando pagamentos em real no exterior

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Compras em sites gringos que operam no Brasil sofrem alterações na forma de pagamento. (Fonte da imagem: iStock)

A internet tornou muitas coisas mais ágeis, inclusive a importação de produtos, físicos ou não. Fazer compras em outros países ou utilizar serviços ainda não disponíveis de forma oficial por aqui, como as plataformas de distribuição digitais de jogos e aplicativos para celular, está disponível para todos sem grandes transtornos.

Porém, uma nova medida adotada por alguns dos principais bancos brasileiros pode complicar um pouco mais esse tipo de negociação. No início de setembro, três dos maiores bancos operando no país, Bradesco, Itaú e Santander, anunciaram que não aceitarão mais transações em real feitas no exterior.

Isso quer dizer, basicamente, que: compras feitas em lojas internacionais nas quais você comprava produtos com o preço final já convertido para real não serão mais processadas. Às lojas, ainda resta a alternativa de simplesmente oferecer a opção de compra em sua moeda original (estrangeira); ao consumidor, resta a necessidade de um cartão de crédito internacional.

Mas qual o motivo de tudo isso?

Se você já fez compras em serviços internacionais, como a PlayStation Store, Xbox Live, Google Play ou Windows Store, já deve ter reparado que, nas versões brasileiras dessas lojas, o preço que aparece na hora de fechar sua compra no caixa está em real. De fato, o que elas apenas fazem é usar o sistema DDC, a conversão de moeda dinâmica, para vender um produto em dólar, mas mostrar seu preço em real.

Entretanto, para os bancos que fornecem cartões aos seus clientes, a conta pode ser ainda mais dinâmica. Toda compra realizada no exterior sofre a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que é de 6,38% do valor total. Ou seja, se você faz uma compra de R$ 100, a taxa de R$ 6,38 vem cobrada à parte na fatura do seu cartão.

(Fonte da imagem: iStock)

Porém, o maior problema é a questão da cotação da moeda estrangeira. Se no dia da compra de US$ 50 o dólar custava R$ 2, o produto em questão seria vendido a R$ 100 (mais o IOF, é claro). Entretanto, o valor convertido a ser cobrado de você é calculado de acordo com a cotação do dólar no dia do encerramento da fatura do cartão.

Isso quer dizer que, caso o dólar tenha baixado para R$ 1,90, você pagaria R$ 95. Porém, se o dólar subiu para R$ 2,10, você pagaria R$ 105. Essa diferença gerava bastante reclamação aos bancos por parte dos consumidores, afinal, você pagava um valor acima daquele ao qual esperava.

Bancos reagem suspendendo as transações

Diante desse cenário, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), entidade que representa as empresas de cartões no Brasil, orientou os bancos a suspenderem esse tipo de transação.

Sobre a possibilidade de flutuação cambial (variação da cotação do dólar entre o dia que você fez a compra e o dia do encerramento da fatura do cartão), além da taxa da IOF, a Abecs afirma que “essa informação nem sempre é passada claramente pelos estabelecimentos aos consumidores, o que tem gerado algumas reclamações em órgãos defesa do consumidor e no Banco Central”.

Além disso, a Associação garante que nem sempre o valor usado para a conversão oferecido por uma loja pode ser confiável. “Cabe ainda destacar que não há garantias sobre a transparência do valor do câmbio utilizado por certos estabelecimentos comerciais no exterior quando estes oferecem a conversão direta da compra para reais no momento da transação”, afirmou em nota.

E o que muda para o consumidor?

De fato, não muda muita coisa. Você continua precisando de um cartão de crédito internacional para realizar tais compras, mas por causa da nova medida o preço da cobrança é exibido diretamente em dólar — e você só vai saber o valor final em reais na hora em que pegar a fatura do seu cartão de crédito.

Google Play é uma das lojas afetadas pelas novas medidas dos bancos brasileiros. (Fonte da imagem: Reprodução/Google Play)

O que dizem as lojas

A Sony já se pronunciou e afirmou que a PlayStation Store não vende mais nada em reais. A Microsoft afirmou ao Gizmodo Brasil que, devido ao novo posicionamento dos bancos, “as transações realizadas com a Microsoft podem estar sujeitas a taxas bancárias, impostos adicionais ou serem recusadas”, garantindo também que lamenta qualquer inconveniência gerada aos clientes.

Lojas como App Store, da Apple, e Steam, que também são operadas lá de fora, mas atuam por aqui, sofrem pouco ou nada com as mudanças. Como a loja da Apple sempre vendeu tudo em dólar, as novas regras não vão afetar a forma de pagamento; já o Steam oferece opções como boleto bancário e pagamento com cartão pelo serviço nacional Boa Compra.

Compras pagas via PayPal seguem a mesma lógica: se você pagava tudo em moeda estrangeira, é só continuar fazendo assim. Nas lojas internacionais da Amazon, basta não utilizar o sistema de conversão e pagar na moeda local da loja, esperando a fatura do cartão para saber qual a cotação utilizada para converter o valor para reais.

Até agora, somente os três bancos já citados passaram a adotar a medida. Caixa Econômica Federal ainda não se pronunciou e o Banco do Brasil afirmou em nota que está analisando que medidas devem ser tomadas, mas apoia a resolução proposta pela Abecs. De qualquer forma, a orientação da associação é de que as instituições avisem seus clientes com pelo menos 30 dias de antecedência sobre a mudança de procedimentos.

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