O caso Edward Snowden e a vigilância de dados no Brasil

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(Fonte da imagem: Reprodução/Extras)

Em reportagem ao jornal O Globo e em entrevista ao Fantástico, o jornalista americano Glen Greenwald, que primeiro noticiou o caso NSA pelo The Guardian, relatou as razões do monitoramento norte-americano nas comunicações brasileiras.

O Brasil, de acordo com os documentos divulgados pelo ex-técnico em segurança digital da CIA Edward Snowden, é um dos países mais vigiados pelo programa PRISM que coleta dados telefônicos e de tráfego na internet.

Greenwald, que mora no Brasil, esteve com Edward Snowden em Hong Kong no começo de junho, quando o ex-agente da CIA entregou cerca de 5 mil páginas de documentos sobre o PRISM, o acordo de monitoramento dos cidadãos americanos feito com as grandes empresas de telecomunicações americanas e o esquema de vigilância em países estrangeiros.

No aeroporto em busca de um asilo

Snowden, que teve seu passaporte cancelado pelo governo, continua em uma zona de trânsito do aeroporto de Moscou desde que chegou de Hong Kong há cerca de duas semanas, à espera de um asilo político.

Venezuela, Nicarágua e Bolívia já ofereceram asilo a ele, mas há dificuldades logísticas para ele chegar a essas nações sem passar pelo espaço aéreo de países europeus, que poderiam obrigar o pouso da aeronave que o estiver transportando.

Para o especialista francês em casos de espionagem Sebastien Laurent, “Snowden é um homem morto e, diante da gravidade do que fez, jamais encontrará um refúgio seguro”.

O jornalista americano que se encontrou com Snowden contou que ele está disposto a enfrentar as consequências de seu ato após revelar essa série de documentos que abalou o governo Obama e colocou a diplomacia norte-americana em crise.

Na entrevista que gravou com Greenwald, o ex-funcionário da CIA disse que questionava a operação PRISM e que acreditava que o público deveria ter conhecimento do programa para decidir se essa prática era ou não legal.

Conexão Brasil

Nas novas revelações feitas por Greenwald, que aos poucos analisa e divulga os documentos repassados a ele por Snowden, o Brasil aparece como um dos países mais vigiados do mundo. Segundo o jornalista, a razão disso pode ser a coleta de dados que trafega através do Brasil, já que toda a rede de comunicação está interligada.

De acordo com Greenwald, “não temos acesso ao sistema da China, mas temos acesso ao sistema do Brasil. Então estamos coletando o trânsito do Brasil não porque queremos saber o que um brasileiro está falando para outro brasileiro, mas porque queremos saber o que alguém na China está falando com alguém no Irã, por exemplo”.

O governo brasileiro reagiu imediatamente à reportagem e pediu explicações ao governo americano sobre a espionagem no país. As solicitações foram feitas através da Embaixada do Brasil em Washington e também ao embaixador dos Estados Unidos no Brasil.

O Itamaraty vai lançar ainda iniciativas na Organização das Nações Unidas (ONU) e na União Internacional de Telecomunicações (UIT) pedindo o estabelecimento de normas de segurança e de comportamento em relação à preservação da privacidade dos canais de comunicação dos países.

Internamente, o governo brasileiro solicitou à Anatel, em conjunto com a Polícia Federal, uma investigação para saber se as empresas sediadas no Brasil divulgaram dados de brasileiros à Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (a NSA).

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