Facebook não pode tomar expansão na Ásia como garantida

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(Fonte da imagem: Reprodução/Facebook)

Reuters. Por Jeremy Wagstaff - Apesar da febre em torno do Facebook estar atraindo enorme demanda de investidores para o IPO de 100 bilhões de dólares da rede social, o crescimento acelerado da empresa na Ásia pode estar diminuindo, conforme o site se move para além dos usuários de computadores para aqueles que acessam a Internet em grande parte ou exclusivamente pelo celular.

Em março, o Facebook reduziu suas próprias projeções de crescimento na Índia - sua terceira maior base de usuários. E dados independentes mostram que o número de usuários na Indonésia e nas Filipinas, suas outras duas maiores bases de usuários na Ásia, caiu ligeiramente nos últimos três meses.

"Se você está crescendo a uma velocidade tão grande, vai definitivamente descarrilhar", disse Ganesh Kumar Bangah, presidente-executivo da provedora de pagamento online sediada em Kuala Lumpur MOL Global. "Você não pode esperar que continue a crescer."

Embora existam preocupações de que o Facebook ainda tem de provar um modelo de receita confiável para os anunciantes, a empresa diz que sua estratégia continua focada em adicionar usuários, especialmente em regiões como a Ásia.

E neste quesito a empresa tem tido sucesso. Desde o pedido original de IPO em fevereiro, de acordo com seus próprios dados, o Facebook adicionou 56 milhões de usuários, com o maior crescimento vindo da Ásia. E com menor número de usuários do Facebook per capita do que qualquer outra região, exceto a África, parece haver muito espaço para adicionar mais.

Crescimento na Ásia

Muito deste crescimento veio de desalojar redes sociais rivais, superando o Orkut, do Google, em seus redutos remanescentes da Índia e do Brasil, e superando o Mixi no Japão e ganhando terreno contra o Cyworld, na Coréia do Sul.

Alguns destes sucessos vêm de estratégias deliberadas para conquistar bases de usuários, principalmente móveis. No Japão, por exemplo, o número de usuários do Facebook quase duplicou nos últimos cinco meses. Dados da Nielsen mostram que no Japão, em meados do ano passado, o Facebook ultrapassou o Mixi, que perdeu 2 milhões de usuários regulares ao longo de 2011.

Mas a batalha foi difícil. O Facebook abriu seu primeiro escritório de engenharia fora do Vale do Silício no Japão há dois anos. O site criou uma versão móvel que funcionou bem em celulares japoneses e construiu vínculos com desenvolvedores locais, disse Serkan Toto, um consultor de web móvel do Japão e da indústria de jogos baseado em Tóquio.

Mas a popularidade do Facebook no Japão também foi impulsionada por um aumento no uso de smartphones, que quase triplicou em menos de um ano, de acordo com os dados do Google. O tsunami e as consequências do fenômeno também levaram os usuários a adotar as mídias sociais para compartilhar notícias e fotos. "Todas essas tecnologias precisam de um gatilho", disse Napoleão Biggs, diretor da empresa de marketing Fleishman-Hillard e fundador de uma comunidade de mídia social em Hong Kong.

Se o Facebook tem espaço para crescer ainda mais no Japão, no entanto, é uma questão para debate. A probabilidade, segundo Biggs, é que, enquanto o Mixi ficou em grande parte limitado a estudantes e jovens de cerca de 20 anos, o Facebook poderá ser capaz de atrair usuários mais velhos. Outros discordam: "Parece haver um limite de 20-30 milhões de usuários no Japão", disse o blogueiro Akky Akimoto, sediado em Tóquio. "Embora a população de Internet é de mais de 80 milhões."

A Coréia tem seguido uma trajetória bastante semelhante. Enquanto os sul-coreanos há muito têm usado redes sociais, o Facebook levou tempo para ganhar força e, apesar de adição de 2,5 milhões de usuários nos últimos seis meses, ainda só representa menos de 15 por cento da população.

Parte do crescimento na Coréia é devido à adoção da rede por celebridades locais. Na semana passada, uma das páginas globais mais populares do Facebook tem sido a de Kim Hyung Joong, estrela pop que foi uma das primeiras celebridades a aderir, de acordo com Tae Woo Kim, um desenvolvedor de software, em Seul.

Grande parte do crescimento também foi impulsionado pela chegada do iPhone da Apple em 2010, disse Kim. "Quando comprei um smartphone, eles não sabiam o que instalar, enquanto o Facebook era uma das opções", disse ele.

No registro original de IPO na SEC, o Facebook afirmou que a Índia, juntamente com o Brasil e Alemanha, eram países onde o serviço tinha penetrado apenas 20 a 30 por cento da população da Internet. Mas quando o site revisou a apresentação algumas semanas mais tarde, tinha colocado a Índia ao lado de Grã-Bretanha e Estados Unidos com taxas de penetração estimada de 60 por cento.

Parte deste salto pode ser atribuído ao crescimento: o Facebook diz que o número de usuários que se conectaram pelo menos uma vez por mês - o que chama de usuários ativos mensais - mais do que dobrou em relação ao ano até março, para 51 milhões. Mas, ao reconhecer que já atingiu o mesmo nível de penetração que em seus mercados mais maduros, o site também está reconhecendo que existe um limite de quantos mais usuários pode adquirir em seu mercado mais acessível.

"Há limites significativos para o número de usuários que o Facebook pode conseguir na Índia", disse Nikhil Pahwa, editor de MediaNama, uma publicação baseada em Nova Délhi que cobre mídia digital.

Parte deste problema deve-se aos problemas óbvios de acesso. A Índia tem sido lenta para implantar redes de telefonia móvel 3G. O resultado é que um grande número de pessoas estão acessando o Facebook em celulares básicos em redes lentas. Dina Mehta, um pesquisador, lembrou de um encontro que teve com uma criança esquelética de 13 anos, em uma favela de Mumbai, que estava navegando pelo Facebook em um celular simples com plano pré-pago que lhe deu três dias de acesso à Internet por 14 rúpias (25 centavos de dólar).

Mas isso também levanta uma questão maior: com tanta gente acessando o Facebook a partir de uma gama de dispositivos móveis por meio de conexões de qualidade variável, como é que a empresa torna o serviço atraente o suficiente para mantê-los interessados?

"Uma das necessidades muito específicas na Índia é como replicar a experiência de interação rica da tela grande", disse Rajesh Lalwani, presidente-executivo da consultoria Blogworks Internet, baseada em Nova Délhi. "Isso vai ser uma questão muito importante para o Facebook responder, em particular na Índia, onde a população móvel é grande e uso está aumentando mais rápido do que o uso da Web."

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