Painel de controle: o corpo humano também é programável

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O corpo humano é uma máquina fantástica. Apesar de batida, essa comparação não é em vão. Neste exato momento, nosso corpo está executando dezenas de processos, para que possamos continuar a viver. Desde tarefas microscópicas, executadas no interior de nossas células, até eventos que, de tão automáticos, nos passam despercebidos durante o dia, como respirar.

Mas essa analogia não para por aí. Assim como computadores e outras máquinas, o corpo humano também pode ser constantemente monitorado e, até mesmo, “hackeado”. Atletas, por exemplo, gostam de manter o registro de diversas características, como peso e força, para que possam obter um desempenho maior no esporte que praticam.

Outros precisam se analisar constantemente por questões de saúde. Para viverem melhor, diabéticos precisam controlar o nível de glicose no sangue, não deixando que ele aumente ou diminua demais. Para isso, essas pessoas usam medicamentos e dietas que compensam o mau funcionamento do corpo.

Com o passar do tempo, esse tipo de controle ficou mais fácil de ser feito. Aos poucos, o mercado popularizou uma série de aparelhos para o consumidor final, como é o caso dos medidores de pressão e de glicemia. Dessa forma, é possível coletar dados sobre si próprio constantemente e, mais importante, dentro da rotina de cada pessoa, o que pode ajudar o médico a encontrar diagnósticos e tratamentos mais adequados.

Tecnologia e autoconhecimento

O que poucos esperavam é que essa prática de se autoanalisar se popularizasse tanto. Hoje, com a ajuda de gadgets e aplicativos diversos, uma quantidade cada vez maior de pessoas tem coletado dados sobre si mesma e, com base neles, encontrado maneiras mais eficazes de viver. Essa atividade já ganhou até um nome em inglês: self-tracking, que poderia ser traduzido, livremente, como “rastrear a si mesmo”.

As razões para se dedicar ao self-tracking são as mais diversas: insônia, má alimentação, condicionamento físico, aumento de produtividade e, até mesmo, a “simples” busca do conhecimento do próprio corpo.

Com os devidos controles, por exemplo, é possível descobrir que uma determinada atividade ou condição do ambiente está atrapalhando o sono ou causando enxaquecas. Assim, os adeptos da prática poderiam se “corrigir”, evitando o que é que seja que possa estar causando esses sintomas.

Ou, em um caso menos relacionado à saúde, pode ser que o usuário de determinados métodos de controle consiga aumentar o seu desempenho em atividades físicas ou criativas de acordo com o que “descobrir” sobre si mesmo. Para isso, esses registros são essenciais.

É possível encontrar, na internet, grupos dedicados a essa prática. O mais famoso deles é o Quantified Self, que reúne usuários e fabricantes de ferramentas que facilitam essa prática, chegando até mesmo a organizar conferências para que essas pessoas possam discutir métodos, objetivos e descobertas do self-tracking.

Muitos participantes acabam divulgando seus relatórios publicamente, de maneira anônima, para institutos de pesquisa. A razão para isso é que, com dados mais contextualizados, que representam melhor como o ser humano vive, algumas recomendações e “verdades” sobre nossas vidas podem acabar mudando.

Sabemos, por exemplo, que o ser humano deveria dormir pelo menos oito horas por dia para ter uma vida mais saudável. Mas será que essa média ainda se aplica aos dias de hoje? Pode ser que, com dados mais fiéis, coletados durante o nosso dia a dia, essa recomendação já não faça mais sentido. Dessa forma, o self-tracking pode trazer, um dia, vantagens que possam melhorar a vida de todos, até mesmo daqueles que não querem se “autorrastrear”.

Gadgets e aplicativos para self-tracking

A verdade é que, para manter o registro de algumas atividades, não é preciso mais do que papel e caneta. Porém, a tecnologia pode ajudar a aumentar o nível de detalhes desses relatórios, além de facilitar a criação de estatísticas e gráficos para os dados coletados. O que não faltam são dispositivos eletrônicos e softwares para isso.

Zeo Personal Sleep Coach

Com o uso do Zeo, o usuário tem uma análise do próprio sono (Fonte da imagem: Zeo)

Este é o primeiro dispositivo doméstico que permite a análise e o registro de todos os ciclos do sono. Antes de dormir, o usuário veste uma espécie de faixa para a cabeça com sensores que detectam as atividades cerebrais ao longo da noite. Com base nesses dados, o Zeo consegue determinar em que estágio do sono o usuário está — leve, profundo ou REM — e enviar essas informações para uma base que deve ser posicionada ao lado da cama.

Pela manhã, a pessoa pode conferir por quanto tempo ela dormiu e quantas vezes acordou durante a noite, além de verificar as diferentes fases do seu ciclo do sono. Esses relatórios são armazenados em um cartão de memória e podem ser copiados para o computador, com o objetivo de enviá-los para um website que possa analisá-los e dar conselhos de uma noite melhor.

É importante lembrar, porém, que o Zeo não é um aparelho médico e que não pode substituir um profissional da área de saúde. Diagnósticos e tratamento para distúrbios do sono, apenas no consultório.

BodyMedia armband

O BodyMedia também pode ser usado junto com o iPhone (Fonte da imagem: BodyMedia)

Esta espécie de pulseira usa acelerômetro, sensor para medir a temperatura da pele e para detecção de suor com o objetivo de calcular a quantidade de calorias queimadas ao longo do dia. O BodyMedia também pode ser usado durante a noite, para monitorar o sono.

Fitbit

O Fitbit é ideal para quem gosta de malhar (Fonte da imagem: Fitbit)

Este é um dispositivo pequeno e que, acoplado ao cinto, estima para o usuário a quantidade de calorias queimadas e o nível de atividade exercido durante o dia. Durante a noite, o Fitbit também pode ser usado no pulso, para estimar a duração do sono. Os dados coletados pelo aparelho são enviados para o computador do usuário por meio de transferência wireless, oferecendo a possibilidade de compartilhar esses relatórios com amigos, parentes e, por que não, médicos ou personal trainers.

Sensores GreenGoose

Os sensores GreenGoose monitoram até quantas vezes você passeia com o cachorro (Fonte da imagem: GreenGoose)

Os fanáticos por estatísticas podem fixar essas cartas em objetos que vão da escova de dente ao violino, com o objetivo de quantificar, por meio do acelerômetro presente nelas, o número de vezes que a pessoa se dedica a cada atividade. Os dados são enviados para uma base central que gratifica o usuário com pontos de acordo com as atividades completadas. Porém, esse produto ainda está em desenvolvimento.

Self-tracking com smartphones

É claro que os smartphones também podem ajudar na tarefa de self-tracking e, para isso, existem diversas opções para os dois principais sistemas operacionais do mercado de dispositivos móveis.

Quem usa Android pode recorrer ao Sleep Bot Tracker Log para registrar as horas que passou dormindo. Além de ser gratuito e de apresentar os dados em forma de gráfico, o aplicativo possui pequenos artigos com dicas para manter um sono saudável e um teste que indica se o usuário está dormindo menos do que o recomendado.

Os usuários de iPhone podem executar o SleepCycle, um aplicativo que, apesar de pago, se mostra como uma solução muito mais interessante. Posicionado sobre o colchão, esse software usa o acelerômetro do smartphone para medir o nível de movimentos do usuário durante a noite. Com base nesses dados, ele é capaz de deduzir em que fase do sono a pessoa se encontra e acordá-la quando ela estiver com o sono mais leve.

Para manter o registro de atividades diversas, há o KeepTrack, também para Android. Esse aplicativo tem um propósito mais geral, permitindo que você personalize a forma como gostaria de controlar algum aspecto da sua vida, como peso, quantidade de quilômetros percorridos durante caminhadas e corridas, produtividade no trabalho, número de páginas lidas durante o dia e tudo o que a sua criatividade mandar.

Também estão disponíveis softwares para atividades físicas, como o Endomondo, e outros propósitos. Portanto, caso tenha se interessado pelo self-tracking, navegue pela loja de aplicativos do seu smartphone e procure softwares capazes de registrar a atividade que você deseja acompanhar. É provável que você encontre uma ferramenta para facilitar a sua vida.

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