Áudio binaural: efeito 3D em fones de ouvido estéreo

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Modelo de cabeça humana pode ser usado para gravações binaurais (Fonte da imagem: Wikipedia)

Usando apenas o sentido da audição, por exemplo, é possível perceber quando alguém está se aproximando e até mesmo de qual direção vem determinado barulho ou grito. Para a nossa alegria, nossos ouvidos evoluíram dessa forma, possibilitando que possamos captar a profundidade de alguns sons.

Para criar uma imersão ainda maior em experiências cinematográficas, foram desenvolvidos sistemas de áudio que possibilitavam emular a forma como os áudios deveriam ser ouvidos caso a cena de um filme acontecesse na vida real. Entretanto, esses sistemas dependem da instalação de diversas caixas acústicas e da posição do telespectador.

Mas poucos sabem que, com alguma criatividade e um pouquinho de trabalho extra, é possível recriar a experiência desses sistemas de áudio 3D com uma técnica especial de gravação conhecida como binaural. A grande vantagem é o fato de que o ouvinte precisará ter apenas um fone de ouvido estéreo, os mais comuns, para se divertir com a tecnologia.

Uma invenção não muito recente

Apesar de ainda surpreender muitas pessoas que escutam pela primeira vez esse tipo de áudio, a gravação binaural não é muito recente. O primeiro uso da tecnologia foi feito em 1881, em um sistema conhecido como Théâtrophone, serviço francês que permitia aos seus assinantes ouvir teatro e shows de ópera pelo telefone, com a ajuda de um headset especial, que levava o som aos dois ouvidos.

Mais tarde, uma estação de rádio norte-americana também começou a transmitir programas binaurais para seus ouvintes. Na época, o sistema de som estéreo ainda não havia sido inventado, então os programas eram transmitidos em uma determinada frequência para o ouvido esquerdo e em outra para o ouvido direito. Dessa forma, era preciso possuir dois aparelhos de rádio e ligar cada fone de ouvido em um deles para ter o efeito completo.

Com o passar do tempo, artistas da indústria fonográfica se interessaram pela tecnologia e também inseriram efeitos binaurais em suas faixas, dando um toque a mais em seus discos.

Como funciona?

A gravação de um áudio binaural consiste na tentativa de simular a captação de sons pelo ouvido humano. Por isso, são necessários dois microfones, posicionados a cerca de 18 centímetros de distância um do outro. Porém, apenas isso pode não bastar. Assim, muitos microfones profissionais, projetados especialmente para a gravação de áudio binaural, são montados dentro de um molde de cabeça humana.

Existem diversas fabricantes de kits de gravações binaurais, mas os mais usados por músicos profissionais são os produzidos pela Neumann. Alguns modelos são mais compactos e dispensam a cabeça de um manequim para funcionar, sendo encaixados nos ouvidos do próprio músico.

É necessário um fone de ouvido estéreo para ouvir essas gravações. O efeito 3D não será percebido se o áudio for tocado em speakers normais, como os das caixinhas de som conectadas ao computador.

O resultado é uma gravação que vai além do áudio estéreo normal, dando a sensação de que o ouvinte está presente no momento da gravação. É possível perceber sons que estão vindo de todas as direções, assim como os ouvidos humanos o fazem.

Exemplos de áudio binaural

Antes de tudo, lembre-se de que, para ouvir os dois exemplos abaixo, você precisa usar um fone de ouvido conectado ao seu computador.

O primeiro exemplo é muito famoso e simula a experiência de um cliente indo cortar o cabelo em uma barbearia. Assim que você “sentar na cadeira”, perceberá o barbeiro chamar o irmão dele nos fundos da loja e, posteriormente, tocando violão à sua esquerda.

Dois momentos muito marcantes são o que um deles coloca um plástico na cabeça do ouvinte e aquele em que ele começa, efetivamente, a cortar o cabelo do cliente. Algumas pessoas chegam até a recuar um pouco a cabeça ao ouvir a tesoura abrindo e fechando rapidamente, pertinho das orelhas.

Este segundo é um exemplo mais simples, mas não menos divertido. A impressão que se cria é a de que alguém está andando ao seu redor e chacoalhando uma caixa de fósforos. De vez em quando, essa pessoa resolve acender um ou outro pertinho de você.

Experiências musicais

Muitos artistas já exploraram as capacidades das gravações binaurais. No fim da década de 70, por exemplo, Lou Reed gravou três álbuns com essa técnica: “Street Hassle”, “Live: Take No Prisoners” e “The Bells”.

Além de Reed, a banda Pink Floyd também chegou a usar a mesma técnica no disco “The Final Cut”, de 1983. Na faixa “Get Your Filthy Hands Off My Desert”, uma explosão 3D é ouvida pelo usuário.

Pearl Jam é uma das bandas que já usou a tecnologia em suas músicas (Fonte da imagem: Danny Clinch)

Mais recentemente, a técnica foi empregada em algumas canções de “Binaural”, álbum gravado em 2000 pela banda Pearl Jam. Entre elas está a música “Of the Girl”, que foi trilha do filme “Onde os fracos não têm vez”.

Portanto, se for escutar um desses discos, desligue as caixas e conecte um bom fone de ouvido. Dessa forma, você estará aproveitando ao máximo a arte desses artistas.

Games com áudio binaural

Alguns games também utilizam essa técnica de gravação e muitos deles são para o iPhone. Um título, em especial, merece menção: Papa Sangre. Sem vídeo, o jogador deve confiar apenas na audição para sobreviver.

A história se passa em Papa Sangre, uma espécie de mundo dos mortos. Embora o local seja escuro a ponto de não se enxergar nada, os ouvidos do personagem ainda funcionam muito bem. Usando seus instintos e sentidos, o jogador deve salvar a alma da amada do personagem, que está perdida no mesmo plano sombrio.

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