Da ficção para a realidade: Minority Report - A Nova Lei

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Prever o futuro e agir no presente, modificando em benefício próprio o rumo dos acontecimentos. Quem nunca se imaginou em uma situação como essa? Se na vida real o máximo que conseguimos foi conhecer um polvo capaz de acertar os resultados da Copa do Mundo, no cinema e na literatura exemplos como esses não faltam.

Dirigida por Steven Spielberg e estrelada por Tom Cruise a produção Minority Report – A Nova Lei, lançada em 2002, apresentou ao mundo dezenas de novas ideias e tecnologias que poderiam virar realidade no ano de 2054, período em que se passa a história baseada em um conto do escritor Philip K. Dick.

Entendendo Minority Report

O ano é 2054. Dez anos antes pesquisadores descobriram um método, baseado em três seres cognitivos (Pré-Cogs) capazes de prever com quatro dias de antecedência um crime. Com isso foi criada uma polícia de “pré-crimes”, habilitada para localizar o evento e impedir que ele aconteça.

Minority Report - A Nova Lei

Durante seis anos o sistema se mostrou perfeito, sem que nenhum crime ocorresse na cidade norte-americana de Washington. Porém, uma possível falha humana - ou uma tentativa de enganar o sistema - coloca toda a tecnologia em xeque.

Para construir o futuro de Minority Report, Spielberg se reuniu com um grupo de especialistas de diversas áreas e tecnologias durante três dias para uma conferência. Das ideias de algumas das mentes mais brilhantes da atualidade saíram algumas projeções do mundo em que viveremos daqui a 50 anos. Como será que eles estão se saindo?

Computadores com interface baseada em gestos

Uma das cenas mais emblemáticas de Minority Report é a de John Anderton (Tom Cruise) acessando informações diante de uma enorme tela curva de computador apenas movimentando as mãos.

Como um maestro regendo uma orquestra, seus movimentos de “arrastar e soltar”, “zoom” e “slideshow” lembram muito os utilizados na atualidade com as tecnologias touchscreen. No filme o personagem utiliza uma espécie de luva, com pontos azuis (spots) na ponta dos dedos. Sobre a tela um sensor capta o movimento dos spots fazendo a “leitura” da ação.

Exemplo de interface gestual criada por pesquisadores espanhóis.

Felizmente não precisaremos esperar até 2054 por esta novidade. As interfaces baseadas em gestos estão se tornando cada vez mais comuns e já é possível dizer que esta é uma tendência para os próximos anos. Consoles como o Microsoft Kinect, Nintendo Wii ou mesmo o PlayStation 3, com o acessório Move, se utilizam da mesma concepção tecnológica.

Alguns celulares já são capazes também de reconhecer o movimento do usuário sem que ele precise tocar na tela. Ainda não temos uma tecnologia como essa para os computadores domésticos, mas sem dúvida é possível afirmar que trata-se apenas de uma questão de tempo.

Holografia 3D

A principal proposta da tecnologia 3D é aproximar as imagens do espectador, fazendo com que ele viva de maneira mais intensa uma experiência visual. Em Minority Report John Anderton tem em sua casa uma grande tela que projeta imagens holográficas.

Nela, ele confere vídeos antigos de sua família e consegue ter a nítida sensação de que seu filho ou sua esposa estão “junto com ele” na sala de estar. Infelizmente, a holografia ainda não chegou a um ponto tão avançado assim, mas isso não significa que ela não tenha atingido um limiar interessante.

Primeira exibição holográfica utilizada pela CNN.

Durante a cobertura da última eleição para a presidência dos Estados Unidos, no segundo semestre de 2008, a rede de televisão norte-americana CNN apresentou o recurso de holografia para “materializar” uma repórter que estava em Chicago dentro dos estúdios da emissora em Nova York.

O resultado impressionou mais ainda por ter sido transmitido pela TV, mas na prática ainda é muito caro e difícil ter experiências com boa qualidade de imagem. Se a tendência do 3D se confirmar junto ao consumidor, a holografia pode ser um passo futuro, ampliando as possibilidades do novo formato.

Detecção de identidade via íris

Em todos os lugares da cidade, seja no shopping, no metrô ou no ambiente de trabalho, em Minority Report o reconhecimento de identidade é feito através da leitura da íris. O sistema biométrico é a base principal de segurança, garantindo que não exista uma pessoa com identificação igual a outra.

Os sensores biométricos ainda não estão em todos os lugares, mas já são mais do que uma realidade na atualidade. A técnica consiste em um scanner que quando acionado obtém uma imagem em alta resolução do objeto, neste caso a íris.

Sistema de identificação biométrica utilizado em escola de Nova Jersey, nos EUA.

Depois de capturada a imagem é comparada com todas as outras disponíveis em um banco de dados. Embora exija equipamentos de alto custo para análise, a íris é uma característica muito confiável para identificar as pessoas. É imutável com o passar dos anos e quase impossível de ser clonada.

Ainda levará algum tempo para que cheguemos a um nível igual ao que é mostrado no filme, com leitura e reconhecimento em questão de poucos segundos e, em alguns casos, a distâncias de mais de 100 metros, mas essa é mais uma novidade que, de certa forma, aos poucos se integra em nosso dia a dia.

Publicidade personalizada

No mundo de Minority Report os outdoors, cartazes e displays de lojas são todos interativos. Munidos de sensores de leitura biométrica, eles captam e identificam quem é a pessoa que está passando diante deles e individualmente são capazes de oferecer um produto de acordo com o interesse do consumidor.

Tecnicamente estamos muito longe de chegar a uma situação como essa. No entanto, em termos conceituais, isso já acontece na prática. Em diversos pontos comerciais, como shoppings centers, por exemplo, é possível receber mensagens pelo celular via Bluetooth de maneira automática a partir de totens espalhados pelo local.

Sequência de Minority Report com anúncios interativos.

A personalização das ofertas, baseada no histórico de comportamento do usuário, na prática já existe em diversos sites de e-commerce. O que ainda não existe é a abordagem direta, via áudio ou vídeo, durante um passeio pelas ruas da cidade.

Outras implicações de ordem ética devem impedir que um sistema como esse venham a se tornar realidade tão cedo. Se por um lado parece uma boa ideia receber ofertas personalizadas ao entrar em uma loja, por outro isso significa abrir mão completamente de sua privacidade, consequência com que muitos ainda não estão dispostos a arcar.

Jetpacks

Uma das maneiras apresentadas para locomoção em 2054 é a utilização de Jetpacks. Experiências com eles já existem há muitas décadas, mas até então nenhuma tecnologia tornou possível voar livremente pelos céus de maneira segura e confiável. Até então.

Uma empresa da Nova Zelândia desenvolveu um Jetpack comercializável que, ao que tudo indica, chega às lojas neste ano. O Martin Jetpack, no entanto, ainda tem um preço proibitivo, cerca de US$ 250 mil por unidade.

Jetpacks podem ser o futuro do transporte?

Imagem: Martin Jetpack/Divulgação.

Nos Estados Unidos ainda estão em estudo leis de regulamentação do tráfego aéreo de veículos e a expectativa é que elas sejam aprovadas somente daqui a dez anos. Esse período será utilizado para identificar as necessidades e apontar como serão constituídas as aerovias para veículos de usuários civis.

Outro item em que o produto ainda deixa a desejar é o consumo de combustível. Dezoito litros de gasolina garantem uma autonomia de voo de apenas 30 minutos. Já para os gordinhos outra má notícia: o limite de peso para utilizar o aparelho é de 108 quilos.

Pré-crime

Toda a trama de Minority Report se desenvolve em função do sistema de pré-crime, uma tecnologia baseada nos Pré-Cogs, seres dotados de alta capacidade cognitiva e capazes de prever um crime antes mesmo que ele aconteça. Na vida real a chance de que algo do gênero exista um dia é remotíssima.

No entanto, isso não significa que não seja possível prevenir crimes ou mesmo surtos de doenças, combatendo suas causas e minimizando o impacto deles junto à população. Nesse quesito algumas ferramentas colaborativas surgidas na internet podem ajudar a evitar tragédias anunciadas.

WikiCrimes

Um desses sistemas é a WikiCrimes. Trata-se de uma plataforma colaborativa baseada no sistema Google Maps. Qualquer usuário pode acessá-la e registrar a ocorrência de um crime em qualquer ponto do mundo. O sistema cruza os dados e aponta quais são as áreas do mapa com maiores índices de criminalidade, assim você pode evitá-las ou solicitar aos órgãos públicos um reforço no policiamento do local.

Outra utilização inteligente de dados para prever situações é o Google Flu. Trata-se de um mecanismo que cruza os dados de busca referentes à gripe e identifica de quais locais eles estão vindo. Um surto de gripe em determinada região, por exemplo, provoca um aumento nas buscas por termos relacionados naquela localidade. De posse desses dados fica mais fácil tomar medidas imediatas de combate à proliferação do vírus.

Veículos movidos a levitação magnética

Um dos maiores sonhos de consumo dos espectadores de Minority Report são os carros apresentados no filme. Eles são capazes de se deslocar velozmente de maneira horizontal e vertical, sem que seja preciso dirigi-los. Esse fenômeno exibido na produção é possível graças a uma tecnologia chamada levitação magnética.

Na prática ela existe e é conhecida como Maglev (Magnetic Levitation Transport) e está em testes em linhas de trem de Xangai, na China. Os veículos andam sobre trilhos especiais elevados e ganham propulsão por meio de forças atrativas e repulsivas do magnetismo.

Vídeo de apresentação do trem MagLev Transrapid.

Esses trens conseguem atingir alta velocidade (220 km/h), com relativo baixo consumo de energia e pouco ruído. No entanto, devido ao alto custo de produção, atualmente existe apenas uma linha comercial do gênero no mundo. O Transrapid de Xangai faz um percurso de 30 km em apenas 8 minutos.

Se o custo é alto para trens, imagine então para autovias e veículos individuais. Por mais incrível que pareça, a tecnologia apresentada no filme já é uma realidade, mas infelizmente ainda está longe de se tornar comum no dia a dia das grandes cidades. Quem sabe em 50 anos a situação não mude de figura e você possa estacionar o seu carro na sacada do prédio?

Construindo 2060

Como será o futuro?

Cena de Minority Report. Imagem: 20th Century Fox/Divulgação.

Que tal fazer o mesmo exercício que grandes cientistas fizeram para o filme Minority Report em 2002 e imaginar quais serão as tecnologias de ponta utilizadas daqui a 50 anos? Será que o que vemos nos dias de hoje nos cinemas se tornará realidade?

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