Erro 404: e se os vilões não forem malvados de verdade? [ilustração]

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Um estrangeiro vindo de uma terra distante e de uma cultura totalmente diferente da sua. Ele entra no país por meios ilegais, se infiltrando em esgotos, entrando e saindo de canos para chegar a determinadas áreas sem ser identificado. Em seu caminho, um rastro de morte. Assassinatos a sangue frio, sem demonstrar o mínimo de compaixão ou remorso.

Falando assim, até parece que estamos descrevendo a ação de um terrorista ou de um criminoso internacional, mas trata-se apenas do bom e velho Mario. E pode parecer um pouco de exagero, mas é exatamente isso o que você fez nas últimas duas décadas a cada Super Mario Bros. que passou por seus video games.

Bem e mal são apenas uma questão de perspectiva. Não existe certo e errado, já que ambos os lados acreditam em suas causas, por mais nefastas que elas pareçam aos nossos olhos. Heróis e vilões só nascem no fim do conflito, quando o vencedor se proclama como o paladino da justiça e de tudo o que há de mais correto no mundo. Ao que caiu, a mancha do lado negro.

Essa dualidade existe em todos os lugares, incluindo nos games. Afinal, quem disse que Mario é realmente um príncipe encantado montado em um Yoshi branco? Peach foi realmente raptada? Você já se perguntou se toda essa jornada por mundos e castelos é realmente correta? Braid é um ótimo exemplo de jogo que mostra que nem todo o resgate é necessário e que, às vezes, o problema é você.

Por isso, decidimos dar uma segunda chance aos grandes vilões dos games. Depois de anos apanhando e tendo seus planos destruídos, chegou a hora de saber como os inimigos clássicos dos jogos veem os protagonistas. Será que realmente estamos lutando pelo lado certo desta guerra?

Serial killer bigodudo

Comecemos pelo exemplo usado no início deste texto. No caminho para se transformar no ícone máximo dos video games, Mario teve de passar por cima de muitos Koopas e Goombas. No entanto, quantas vezes você realmente se importou com isso? Já pensou no sofrimento que é ser pisoteado por um italiano gorducho ou arremessado em um poço de lava sem qualquer explicação racional?

Diante disso, não é estranho imaginar o desespero dos habitantes de Mushroom Kingdom quando o boné vermelho surge no horizonte. Para eles, o herói que nós controlamos nada mais é do que um assassino qualquer, que invadiu seu reino para espalhar a morte e a destruição. Um bárbaro estrangeiro que não se importa com nada além de seu prazer de matar.

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Uma presença tão perigosa não poderia passar despercebida. Tanto que Bowser sempre tenta armar suas defesas e proteger seu povo, treinando alguns soldados, convocando mercenários e até mesmo apelando para forças ocultas, chamando feiticeiros e usando artes negras para fazer com que as pobres vítimas de Mario voltem da morte em busca de vingança. O problema é que nada disso é capaz de pará-lo. Protegido pela impunidade, o bigodudo assassino continua deixando um rastro de sofrimento por onde passa.

Como não poderia deixar de ser, sempre há uma razão que tenta justificar o massacre. A mais usada é a de "resgatar a princesa Peach", noiva do Sr. Bowser. Palavras bonitas para um criminoso, mas por que ela precisaria ser ajudada, já que todos em Mushroom Kingdom sabem que não há felicidade igual à do casal real? O rei até procurou a imprensa para justificar que há alguns desentendimentos, mas nada que justifique atos tão cruéis como os cometidos por Mario e seus comparsas.

A verdade é que ele continua solto e fazendo novas vítimas. A situação é tão triste que as viúvas de Goombas assassinatos organizaram um movimento clamando por justiça. Todas as quintas-feiras, elas se reúnem na Fase 3 do Mundo 2 para protestar e, segundo populares, é possível ouvir o choro dessas pobres almas para lá da Rainbow Road. Além disso, mamães Koopas já usam o Monstro Bigodudo como forma de assustar as crianças que desobedecem aos pais — uma prática que psicólogos já explicaram não ser nada saudável para o desenvolvimento da psiquê infantil.

Ecochatos

Uma coisa é certa: por mais que você se esforce, agradar a todos é algo impossível de ser feito. Essa é uma dura realidade que Dr. Robotnik — ou apenas Eggman, como a população carinhosamente o apelidou — encara desde que assumiu a presidência de Green Hill Zone. Desde que chegou ao poder, ele eliminou a pobreza, acabou com o analfabetismo e ainda estimulou a economia do local a ponto de transformá-la em uma potência pós-moderna. Seu governo era um exemplo a ser seguido.

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No entanto, nem todos estão satisfeitos com isso. É claro que Robotnik já esperava encontrar uma oposição forte à sua ideologia de "a tecnologia pelo progresso", mas ele não sabia que isso significaria enfrentar uma onda de violência.

Desde o início de seu governo, Eggman encara os duros ataques de um grupo de "ecoterroristas", ativistas que afirmam que o presidente está destruindo o meio ambiente e eliminando a vida selvagem. Liderados por Sonic — o rosto da revolução —, eles destroem fábricas, sabotam usinas e acabam com tudo aquilo que o herói nacional batalhou para obter. Nem mesmo estruturas criadas para proteger animais silvestres escaparam dessa intolerância.

O mais revoltante são as consequências geradas por esses atentados. Cidades inteiras sem energia elétrica, interrupção no fornecimento de água tratada e o índice de desemprego atingindo níveis estratosféricos devido à destruição de fábricas e matéria-prima — isso sem falar de greves de funcionários que não queriam mais voltar ao trabalho diante da constante onda de violência trazida pelo ouriço e seus amigos. Quem se sentiria seguro em entrar em um lugar que pode se transformar em alvo a qualquer momento?

Robotnik já tentou marcar diversas reuniões para acabar com os protestos e manter a paz em Green Hill Zone, mas o acordo nunca aconteceu. E pior de tudo é que a atuação de Sonic e companhia é tão forte que a opinião pública já começou a se virar contra o governo, pressionando-o a ceder às exigências dos ecoterroristas na tentativa de acabar com as mortes e demais transtornos.

O que poucos sabem, contudo, é que as intenções do ouriço são muito maiores do que simplesmente proteger a natureza. Por trás do discurso ecológico, sua equipe esconde intenções puramente comerciais. Milhões de anéis dourados usados para sustentar essas instalações foram roubados, causando um prejuízo enorme aos cofres públicos.

Vandalismo hereditário

Eu realmente gostaria de entender o que se passa na cabeça de alguém que invade a casa de um senhor de idade pelo simples prazer de atormentá-lo. Pois é exatamente este o drama que Drácula vive há alguns séculos. Por mais que ele realmente tenha sido um vampiro assassino e o terror do Leste Europeu, esse tempo já passou e hoje ele tenta levar uma vidinha pacata em seu castelo, passando as tardes tomando vinho, assistindo a reprises de novelas e jogando canastra com o Lobisomem, Frankenstein e David Bowie. Quer dizer, isso quando sua residência não está sendo invadida por vândalos.

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Há algumas gerações Vlad Tepes sofre com a falta de respeito dos Belmont, uma família cuja educação faria um Neanderthal ficar envergonhado. É quase como um ritual de passagem: para se tornar um adulto, o jovem Belmont deve entrar na casa de Drácula e fazer de sua vida um inferno. Sabemos que o velho é imortal, mas isso não justifica os constantes ataques e tentativas de assassinato.

E o pobre coitado já procurou várias formas de impedir que essa terrível mania se repetisse. Prestou queixa na polícia, alegando invasão de domicílio, danos materiais e até mesmo prejuízos morais. Apelou para o Instituto do Idoso, foi pedir ajuda em canais de TV e o máximo que conseguiu foi uma paz temporária, já que os ataques sempre retornavam. Nem mesmo invocar espíritos malignos e criaturas das profundezas do inferno ajudou.

Drácula já gastou uma pequena fortuna em peças de ouro reconstruindo as estruturas de seu castelo — todas tombadas pelo patrimônio histórico, diga-se de passagem — e readquirindo a prataria que os invasores destroem ou roubam a cada “visita”. E nem mesmo procurar uma mansão em outras regiões do mundo ajudou, já que os Belmont cruzam fronteiras apenas para acabar com a tranquilidade do velho Drácula.

Egoísmo primata

A boa educação diz que um prato de comida e um copo de água não devem ser negados a ninguém. No entanto, parece que nem todo mundo aprendeu essa lição básica de convivência. Que tipo de criatura sem mãe negaria algumas bananas para um grupo de marinheiros à deriva? Quem teria a coragem de dar as costas a um pedido de ajuda de um pobre coitado morrendo de fome? Se você pensou em Donkey Kong, acertou.

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King K. Rool passou meses perdido no mar com sua tripulação de Kremlings. Sua expedição em busca da glória de seu reino foi um fracasso e, para piorar a situação, uma leitura errada dos mapas náuticos fez com que a embarcação se desviasse da rota, dando início a dias e noites de um pesadelo sem fim.

Após ver seus companheiros morrerem de fome aos poucos, o soberano viu aquilo que acreditava ser sua salvação: uma ilha. No entanto, o que ele não esperava era encontrar um gorila egoísta que se negava a entregar uma única banana para aquelas pobres almas. K. Rool pediu, implorou e se humilhou na tentativa de tocar o coração do símio, mas só obteve seu desprezo e algumas palavras grossas e chulas em represália.

O pior veio em seguida. Enlouquecidos pela fome, os Kremlings decidiram invadir os armazéns dos primatas na tentativa de conseguir algumas poucas frutas para mantê-los vivos por mais um único dia. E eles não só falharam como ainda tiveram de sofrer com a fúria do Donkey Kong e dos demais gorilas, que não hesitaram em espancar os pobres coitados. Para K. Rool e os poucos sobreviventes de sua tripulação, não restou outra alternativa além de zarpar na esperança de encontrar uma alma mais caridosa — ou de morrer em alto-mar.

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Atenção: este artigo faz parte do quadro "Erro 404", publicado semanalmente no Baixaki e Tecmundo com o objetivo de trazer um texto divertido aos leitores do site. Algumas das informações publicadas aqui são fictícias, ou seja, não correspondem à realidade.

Ilustrações por: André Tachibana

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