Televisões preditivas: no futuro elas saberão exatamente ao que você quer assistir

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Você se lembra de quando era menor e resolvia parar um pouco a destruição da sua casa para ir comer um pacote de biscoitos e assistir à televisão? Pois é, as coisas mudaram e as diferenças para os dias de hoje são muitas. Na verdade, elas aparecem rapidinho. Basta você enxergar mentalmente aquele enorme aparelho de tubo – e que ocupava praticamente metade da sua sala.

Depois, a variedade de programação também mudou – já que antes ela se mostrava extremamente limitada. Havia poucos canais disponíveis para você assistir, por isso, quem só contava com as opções da televisão aberta tinha que escolher entre menos de dez alternativas de canais.

Ter um videocassete ou TV a cabo era a saída na hora de assistir a algo diferente. Além disso, lógico que os aparelhos de 10, 20 ou 30 anos atrás não contavam com todos os recursos disponíveis hoje em dia nas chamadas Smart TVs – recheadas de programas e opções de conectividade.

Cada vez mais fontes de conteúdo

Esse ambiente mudou completamente nos últimos anos. A televisão por assinatura ficou mais barata e acessível, a velocidade da internet evoluiu e, com ela, o streaming de vídeos explodiu e se popularizou – tornando-se algo presente no nosso dia a dia.

Netflix: primeiras impressões(Fonte da imagem: Netflix / Reprodução)

Alguns achavam que a internet viria a “matar” a televisão, mas isso não se mostrou verdade. Nos Estados Unidos, por exemplo, a média de horas que as pessoas passam assistindo a filmes, séries e programas de televisão mostra que o mercado de entretenimento ainda tem muito para explorar: são 100 horas de TV, 38 horas de Netflix e mais 23 horas vendo os mais diversos vídeos na internet – isso tudo em apenas um mês.

Dessa forma, agora temos uma infinidade de opções à nossa disposição. Dezenas de canais na televisão, programas que rodam a qualquer hora graças aos sistemas inteligentes das TVs, YouTube, Netflix... Com tudo isso em nossa frente, alguns novos problemas também surgiram.

Agora, corremos o risco de passar mais tempo escolhendo ao que assistir do que vendo realmente alguma coisa. Por isso, na verdade, a grande questão a ser respondida é: diante de tanta coisa, como escolher ao que você realmente quer assistir?

TVs cada vez mais espertas

Uma das grandes novidades da CES 2013 surgiu na conferência da Samsung. A empresa sul-coreana apresentou várias inovações em suas Smart TVs, como telas cada vez mais finas, bordas quase inexistentes, grande qualidade de imagem – e, é claro, um sistema que permite ao aparelho trazer sugestões de programas àquele que estiver sentado no sofá.

CES 2013: Resumo da conferência da Samsung [vídeo](Fonte da imagem: Reprodução/Samsung)

A Samsung LED F8000, por exemplo, conta com um sistema dedicado ao acesso de conteúdo via streaming e, de quebra, um grande apoio de hardware, trazendo um processador quad-core embutido. A grande novidade, contudo, é o fato de que ela suporta comandos de voz como controle, podendo responder às suas solicitações imediatamente.

Além disso, o aparelho é capaz de “aprender” o seu comportamento e, dessa forma, começar a sugerir conteúdo que possa vir a ser do seu interesse. Se você chegar todos os dias em casa e procurar algo relacionado ao mundo do futebol, por exemplo, após certo tempo, ela começará a trazer automaticamente este tipo de programação.

O chamado “Samsung Smarthub” também deve trabalhar nesse sentido, coordenando o conteúdo a ser apresentado para você de acordo com os lançamentos e experimentações cadastrados em seu histórico pessoal.

"Vejo a novela ou as pegadinhas da semana?" (Fonte da imagem: Reprodução/iStock)

As outras fabricantes já investem pesado no desenvolvimento de programas desse tipo, e novidades devem aparecer com frequência nos próximos meses. A tendência é que esses sistemas de aprendizado têm tudo para se popularizar e se tornar parte do nosso dia a dia.

Sugerindo programas semelhantes

Os novos tipos de entretenimento já conseguem trabalhar com um sistema de sugestões bem apurado. O Netflix, por exemplo, conta com um algoritmo que funciona cruzando as suas avaliações dos programas e filmes com a de vários outros clientes.

Ao perceber semelhanças entre as notas que você deu e as avaliações que pessoas com o gosto parecido com o seu fizeram, o sistema apresenta a você sugestões que têm a ver com o seu gosto pessoal. Segundo a empresa, esse trabalho chega a atingir marcas bastante expressivas, como 75% de acerto e satisfação.

Sistemas de busca: imitando a internet

Outros serviços de televisão também trabalham no desenvolvimento dos seus sistemas de sugestões. O Roku, disponível nos Estados Unidos, conta com mais de 700 canais e opções diferenciadas de programação.  Com tantas alternativas, um serviço inteligente e que filtre coisas direcionadas é praticamente obrigatório.

Aqui, a ideia é trabalhar de forma semelhante aos buscadores de internet que você usa diariamente no computador, como o Google ou o Bing. Ele guarda o seu histórico de programas assistidos e, com base em suas pesquisas e predileções, começa a trazer opções semelhantes. A Google TV também trabalha de forma semelhante.

Vasculhando filmes em busca de conteúdo que lhe agrade (Fonte da imagem: Reprodução/jinni)

Já para quem ainda conta com as televisões “normais”, há outras alternativas para conseguir sugestões de programas. O site norte-americano Jinni funciona como uma espécie de centralizador de gostos e opiniões semelhantes.

Baseado em um sistema chamado “Movie Genome”, o site cruza as informações enviadas por toda a base de usuários cadastrados. Dessa forma, trabalhando como uma espécie de rede social, o aplicativo consegue identificar a sua “Personalidade Cinematográfica” (ou, em inglês “Movie Personality”) e trazer coisas que possam agradar a você.

Manipulação cultural?

Se os sistemas de sugestões de programação têm tudo para crescer e tornar as nossas experiências de entretenimento mais fáceis e personalizadas, há quem acredite que isso tudo faz parte de um plano para controlar o modo como a população consome esse tipo de cultura.

Samsung estreia nova interface para Smart TVs na CES 2013(Fonte da imagem: Divulgação/Samsung)

Algumas pessoas que realizam estudos sobre o “Predictive Programming” acreditam que este tipo de ferramenta surge somente para fazer com que o povo assista àquilo que lhe convém. A ideia seria impor uma maneira de pensar e doutrinar as atuais e futuras gerações para um modelo cultural controlado pelo governo ou pelas grandes corporações – uma espécie de censura mais aprofundada, vamos dizer assim.

A fragmentação de programas e as diferentes maneiras de assistir a séries e filmes teriam dificultado esse tipo de trabalho; contudo, sistemas que sugerem o que você deve assistir poderiam ser uma ferramenta importante em processos desse tipo.

Entretanto, apesar de toda a elaboração dessa história, não há provas ou qualquer tipo de embasamento jurídico que comprove esse tipo de ação nos sistemas de sugestões de programação. Na verdade, isso tudo parece mais uma aventura saída de algum filme cheio de conspirações malucas.

Ainda precisa evoluir

As Smart TVs, o sistema de sugestão por histórico e o cruzamento de informações feito pelo Roku, por exemplo, mostram uma grande evolução nesse sentido, entretanto, ainda há muito que melhorar. Quem já faz uso do Netflix, por exemplo, sabe que algumas sugestões simplesmente não combinam com o seu gosto pessoal.

Além disso, o sistema não pode trabalhar somente com base em seu histórico dentro do serviço. Se você abriu um documentário sobre construção de telhados para o seu pai ver, isso não quer dizer que você vai querer assistir a como levantar um muro nos dias seguintes, por exemplo.

"Ah, ela sabe exatamente o que eu quero!" (Fonte da imagem: Reprodução/iStock)

Trocando em miúdos: precisa haver mais personalização. Se você divide a televisão com outros membros da sua família, utilizar o reconhecimento facial das Smart TVs é algo que pode vir bem a calhar, pois assim o aparelho saberá quem é que está ali.

Outro ponto importante a ser trabalhado é o fato de que você ainda tem muito trabalho procurando ao que deseja assistir. O jinni, por exemplo, pede que você crie um cadastro, vote em filmes e diga o que achou das análises de outras pessoas.

Nos outros sistemas você precisa navegar entre gêneros, filmes e diversos menus alternativos até encontrar o que quer ver (e, consequentemente, criar um histórico dentro do seu perfil). Isso tudo mostra que os sistemas de sugestões ainda precisam ganhar também ferramentas que os deixem cada vez mais amigáveis, afinal de contas, uma das razões desses serviços existirem é a ideia de que eles deixam a “tarefa” de ver televisão cada vez mais fácil.

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