Até que ponto a tecnologia faz mal na infância?

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Queimada, bets, futebol, amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, polícia e ladrão. Praticamente todas essas brincadeiras fizeram parte da infância de diversas pessoas e são boas lembranças de uma época quando a maior preocupação era fazer a tarefa da escola.

Hoje, muitas delas ainda estão presentes no dia a dia de várias crianças, mas algo mudou. Se antes grande parte dos pequenos passava o dia brincando na rua com os amigos, hoje é cada vez mais comum vermos crianças dentro de casa a maior parte do tempo. Tal realidade foi acarretada por diversos fatores ao longo dos anos — como o quesito “segurança”, especialmente em cidades grandes. Mas a tecnologia também tem um dedo nessa história.

Agora, a televisão, o video game de última geração e o computador são outros bons motivos que fazem com que as crianças saiam ainda menos de casa — afinal, a diversão encontra-se logo ali, no conforto e na segurança do quarto ou da sala de estar. Por causa disso, diversos estudos foram e continuam sendo desenvolvidos a fim de responder a (polêmica) questão: afinal, a tecnologia faz mal às crianças?

Trocando o lápis pelo teclado

As crianças da geração atual (ou Z, com datas de aniversário a partir da segunda metade da década de 90) nasceram na era dos computadores, tablets, smartphones e, principalmente, da internet — algo com que as pessoas da geração anterior só puderam ter um contato maior no início da adolescência. O primeiro efeito disso, todo mundo sabe: essas crianças possuem uma maior facilidade e um rápido aprendizado quanto ao uso das tecnologias.

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Outra consequência desse contato “precoce” com computadores é a utilização do teclado antes mesmo do lápis pelas crianças — já que, hoje, é cada vez mais comum vermos os pequenos aprendendo a escrever o nome primeiramente pelas teclas do desktop ou notebook dos pais do que a partir de um livro de caligrafia.

Já um pouco maiores, perto do período da adolescência, as pessoas da geração Z também entram no mundo das trocas de mensagens instantâneas na internet e pelo celular. Nesses meios de comunicação, o uso de gírias e termos específicos é cada vez maior — grande parte não segue nenhuma regra gramatical tradicional.

Analisando esse quadro, alguns pesquisadores começaram a se questionar se tal realidade estaria fazendo com que as crianças de hoje escrevam pior do que as de outras gerações. O que eles encontraram, na verdade, foi algo bastante positivo.

Revolução literária

Como em todos os estudos, sempre são encontrados os lados negativos e positivos de cada questão analisada. No caso da escrita por parte das crianças que cresceram com computadores, algumas pesquisas apontam que a nova geração estaria se encaminhando, na verdade, para uma revolução literária que não é vista desde a civilização grega.

Isso aconteceria devido ao fato de que, como os computadores, tablets e smartphones estão sempre por perto no dia a dia, as pessoas estariam escrevendo constantemente — já que a maior parte da comunicação por esses meios envolve a escrita.

Além disso, no passado, fora da escola (e mesmo em certas profissões), algumas pessoas não escreviam quase nada por dia.

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E na questão gramatical? A influência seria positiva ou negativa? Nesses casos, os resultados da tecnologia na vida das crianças surpreendem:

  • Em 2003, uma pesquisa apontou que o uso de mensagens instantâneas ajudava as crianças a se sentirem mais confortáveis quanto ao hábito de escrever;
  • Já em 2004, outro estudo mostrou que as crianças eram espertas o suficiente para compreender e aplicar, nos momentos certos, as diferenças da escrita formal e da escrita informal (aquela vista na internet).
  • Uma pesquisa de 2005 ainda confirmou que as crianças da geração atual são, na verdade, melhores escritores que as da geração passada, usando estruturas frasais bem mais complexas, um vocabulário mais amplo e uma utilização mais precisa de letras maiúsculas, pontuação e ortografia.

Influência na vida social e na saúde

Mesmo possuindo muitos pontos positivos no aprendizado das crianças (inclusive no desenvolvimento de habilidades cognitivas), ainda é um pouco polêmica a questão da influência da tecnologia na vida social da geração Z.

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Afinal, muitos acabam “trocando” os amigos “reais” pelos “virtuais” e optam por se divertir com jogos de computadores e video games em vez de brincadeiras físicas — que envolvem exercícios como correr e pular, por exemplo. Além disso, ainda existe a eterna polêmica quanto à influência de games de violência na formação das crianças, que crescem em constante contato com esses estilos de jogos.

Veja abaixo o que algumas pesquisas recentes apontaram quanto aos alcances da tecnologia na vida das crianças, especialmente na convivência com os pais; abordando quais são os efeitos do uso moderado e os malefícios do uso em excesso; e a influência disso até mesmo na saúde dos pequenos:

  • Segundo o jornal The Future of Children, as crianças, por aprenderem rapidamente a usar as tecnologias atuais, estão desenvolvendo o costume de ensinar o uso dos dispositivos aos seus pais — e não o contrário. Em teoria, essa inversão de papéis pode enfraquecer a autoridade dos pais, levando as crianças a desrespeitar os progenitores “ignorantes”. Por outro lado, isso também estreitaria os laços de comunicação e partilha de experiências na família.
  • Já o uso moderado de computadores e video games parece não afetar o desenvolvimento social da criança. Os estudos apontaram que o comportamento social daqueles que usam e os que não usam computadores era praticamente o mesmo nas suas relações com familiares e amigos.
  • Por outro lado, o uso excessivo de computadores leva as crianças a se sentirem com menos controle sobre suas vidas do que seus colegas de classe. Além disso, um estudo com 18 universitários chineses publicado no PLoS One mostrou que aqueles que jogavam em seus computadores por pelo menos oito horas por dia, seis dias por semana, mostraram quantidades alarmantes de atrofia em partes do cérebro.
  • Um estudo da Universidade de Alberta apontou que, quanto mais telas uma criança tem em seu quarto, pior será para sua saúde. No caso, computadores e televisores podem atrapalhar o sono (quem nunca ficou até tarde assistindo à TV?).
  • Além disso, a mesma pesquisa da Universidade de Alberta mostrou, em números, como a tecnologia pode fazer com que os pequenos fiquem mais obesos. Segundo o estudo, o acesso a um aparelho aumenta em 1,47 vezes as chances de criança ser obesa em comparação com uma criança sem tecnologia. Crianças com três dispositivos foram diagnosticadas com 2,57 vezes mais chances de estar acima do peso.

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E você, o que acha dessas pesquisas? A tecnologia realmente influencia positivamente no aprendizado, mas negativamente em questões sociais e na saúde das crianças?

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