FarmVille e companhia: essa febre tem fim? [opinião]

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(Fonte da imagem: Divulgação/Zynga)

No começo de setembro, um dos jogos mais famosos da internet ganhou uma continuação que promete mexer com o Facebook: FarmVille 2, da Zynga, seria melhor que o antecessor em todas as áreas e teria a missão de retomar a popularidade dos games sociais, como os “de fazenda”, que dominaram a rede social nos últimos quatro anos.

Peraí, retomar? É só parar para pensar: atualmente, você não recebe mais dezenas de notificações diárias para ingressar nesses games de redes sociais, nem vê muitas conversas sobre o assunto.
Isso levou muita gente a pensar que esse tipo de jogo está com dias contados. Mas será mesmo que fazendas, cidades, máfias, restaurantes e hotéis virtuais vão perder um público que não deixa de visitar esses ambientes pelo menos uma vez por dia?

O barco está afundando

Para falar da situação de “FarmVille e companhia”, primeiro é preciso analisar a Zynga, responsável pela franquia das fazendas e por games de sucesso como Mafia Wars e CityVille. Sem ela, esses games não durariam muito tempo – e a situação da empresa chinesa não é das melhores.

Sim, o cachorro faz parte da logo. (Fonte da imagem: Divulgação/Zynga)

O principal problema é financeiro: US$ 22,8 milhões (cerca de R$ 46 mil) foram perdidos só no segundo trimestre de 2012. Além disso, depois de entrar no mercado financeiro de vez, assim como o Facebook, a companhia viu o preço das ações cair de US$ 10 para US$ 2,80 em seis meses.

Isso sem citar os constantes processos de acusação de plágio, como o movido pela EA depois de lançar The Sims Social, que também perdeu muito em público. Pouco dinheiro em caixa pode não ter efeitos diretos no número de jogadores, mas significa queda em investimentos, manutenção e qualidade de servidores.

A todo vapor

Se na vida real as coisas andam mal, o mundo virtual da Zynga é um paraíso. De acordo com dados de agosto deste ano, são 306 milhões de jogadores ativos mensais em todos os games da empresa – sendo que 18,8 milhões deles estão no primeiro FarmVille. E, acredite, esses números eram muito maiores há algum tempo.

(Fonte da imagem: Reprodução/O Vício)

Além disso, o game de pôquer da empresa vai mexer com dinheiro de verdade e é uma das páginas mais curtidas do Facebook, que tem 15% da receita bruta vinda da Zynga. Isso sem contar quem gasta vários dólares para incrementar mais rápido as fazendas de mentira.

Por que eu continuo jogando?

Comprar sementes, preparar o terreno, plantar, ficar de olho na colheita, recolher os vegetais e conseguir moedas para gastar em novos equipamentos ou aumentar seus domínios. Cuidar dos animais, construir um lar adequado para eles, alimentá-los e obter leite, ovos e mais dinheiro.

Basicamente, é esse o funcionamento de FarmVille – e, substituindo as palavras-chave, de vários outros games sociais da internet. Se tudo é tão simples e repetitivo, por que eles fazem tanto sucesso? Não, não é porque todos os jogadores secretamente querem ter uma vida no campo. A culpa é de vários sentimentos despertados durante a jogatina, tudo friamente calculado para que você se sinta melhor enquanto coloca a mão na massa.

Começar do zero parece trabalhoso, mas rende mais recompensas. (Fonte da imagem: Reprodução/FarmVille)

Um dos maiores fatores psicológicos do vício em games é o da recompensa. Quando sua plantação virtual é bem-sucedida ou você consegue completar um dos objetivos do game (como construir um celeiro, por exemplo), o cérebro faz com que a dopamina, o hormônio da sensação de prazer e satisfação, seja liberada aos montes no organismo.

Com isso, ao ver aquela mensagem de “Congratulations!” na tela, você se sente tão feliz ao avançar em FarmVille quanto alguém marcando um gol ou em uma final de Copa do Mundo. E isso, por pior que seja o game, é uma sensação que todo mundo gosta de experimentar.

Pedir ajuda aos amigos nunca é demais. (Fonte da imagem: Reprodução/FarmVille)

Outro ponto importante é a própria sociabilidade. Apesar de não ser nada comparado a um trabalho em equipe feito pessoalmente, os games sociais conseguem aproximar as pessoas. Nisso se encaixa a amizade construída entre quem volta e meia dá presentes ou ajuda na colheita, fora a competitividade que move cada jogador – afinal, você quer que sua fazenda seja melhor que a daquele amigo de quem você nunca gostou, não é mesmo?

Os “jogos Highlander”

Os jogos sociais já não estão em sua melhor época, mas isso não significa que vão desaparecer. Apesar da baixa originalidade entre eles, o público em queda livre e os problemas financeiros da principal responsável desses games, há jogadores fiéis que não estão dispostos a deixar a fazenda de lado. E, se eles fossem tão ruins assim, as pessoas não estariam tão viciadas.

Além disso, o Facebook é a rede social de maior domínio no mundo e também a maior plataforma desse tipo de jogo, o que significa que o alcance dos produtos não tende a cair – fora a possibilidade de jogá-los via tablets e smartphones, um mercado cada vez mais crescente.

Tão difícil quanto falar que esses jogos vão viver para sempre, no maior estilo imortal de um Highlander como Sonic, Mario e outros, é acreditar que eles vão simplesmente “sumir” da internet. Por isso, não se preocupe: você ainda vai receber pedido de moedas verdes e derivados por um bom tempo.

Fontes: Facebook, LA Times, The Next Web

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